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SECRETÁRIA DE CIDADANIA EXPLANA POLÍTICAS PÚBLICAS EM DEFESA DA MULHER


O Seminário “Violência doméstica na perspectiva de gênero e políticas públicas”, realizado pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso e a Academia Brasileira de Formação e Pesquisa (ABFP), no dia 8 de março, dedicou um painel para abordar as políticas públicas desenvolvidas no Estado de Mato Grosso por seus diversos agentes. Durante sua explanação, a defensora pública Cristiane Obregon Almeida de Alencar destacou a necessidade de desenvolver políticas públicas que visem a recuperação do agressor para que o ciclo da violência doméstica seja rompido de vez. Só assim haverá uma verdadeira transformação da relação violenta.

“Entendemos ser urgente aprimorar as políticas públicas de prevenção ao crime através da conscientização do autor da violência doméstica. A simples separação do agressor de seu lar e família não garante que outras agressões sejam evitadas. Se o agressor for condenado por suas ações criminosas, cumprirá sua pena e, posteriormente, retornará à sociedade. É provável que, sem o devido tratamento, ele reincida em suas práticas com outras mulheres”, externou.

A defensora lembra que a Lei Maria da Penha, no artigo 35, já prevê a necessidade de programas concomitantes, que garantam acolhimento às vítimas e acompanhamento psicossocial e educativo aos agressores. Citou uma iniciativa exitosa existente no município de Barra do Garças.

“Esse grupo, em Barra de Garças, iniciou com a conscientização e educação dos homens, alcançando excelentes resultados: apenas 3 de cada 10 participantes reincidiram no ciclo de violência doméstica. Esses dados são significativos e evidenciam a importância de expandir e aprimorar tais iniciativas, pois elas realmente fazem a diferença”, asseverou.

A coordenadora do Núcleo de Estudos Científicos sobre Vulnerabilidade, Direito e Gênero da Universidade Federal de Mato Grosso, juíza Amini Haddad Campos pontuou a importância da pesquisa científica para embasar políticas públicas.

“A informação ela é preciosa quando nós falamos em mudanças culturais. O campo da Universidade Federal de Mato Grosso e do nosso núcleo vem exatamente para cumprir essa tarefa. Criar cada vez mais dados qualificados e informações qualificadas para apresentação de novas políticas públicas para atuação nos mais diversos cenários para construção de cursos de projeções específicas, onde se trabalha a questão da equidade”.

Mediado pela subprocuradora da Mulher da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Francielle Claudino Pereira Brustolin, o espaço ainda contou com a exposição da secretária estadual de Assistência Social e Cidadania, Grasielle Bugalho, do promotor de Justiça Tiago Silva e da deputada estadual Sandy de Paula (UB).

SER Mulher

Grasielle Bugalho apresentou um panorama das ações que são executadas pelo Governo de Mato Grosso a fim de garantir uma rede de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica.

 Um dos programas é o SER Família Mulher, que repassa para mulheres vítimas de violência doméstica um benefício de R$ 600 para auxílio-moradia.

O SER Família Mulher atende, atualmente, mulheres de seis municípios da Baixada Cuiabana. São eles: Acorizal, Barão de Melgaço, Cuiabá, Nossa Senhora do Livramento, Santo Antônio de Leverger e Várzea Grande.

O atendimento tem início no Plantão 24 horas da Delegacia da Mulher, onde um formulário é preenchido pela delegada que faz a primeira análise social da vítima. Caso se enquadre no que está previsto na Lei nº 12.013, em relação à vulnerabilidade social, o formulário é encaminhado à Secretaria Estadual de Assistência Social e Cidadania para que seja feito o contato com a vítima e ela receba o cartão do benefício de R$ 600.

“O diferencial desse benefício, em relação ao federal, é que a mulher pode usar o valor não apenas para pagar ou complementar o aluguel, mas também para pagar a água, luz e gás. E, junto a esse cartão, ela também pode receber o cartão do SER Família no valor de R$ 220 para adquirir alimentos”, explicou a secretária.

Desde que foi lançado em 2023, o programa já atendeu 240 mulheres. Atualmente, 213 estão sendo atendidas.

Há cerca de um mês, o Governo do Estado criou a Superintendência de Políticas Públicas para Mulheres, com a missão de trabalhar as políticas públicas, não só do social, mas também a transversalidade, trabalhando de forma unificada com a segurança pública. A secretária explicou que já havia sido criado políticas públicas como a Patrulha Maria da Penha da Polícia Militar, o Plantão 24 horas da Mulher, o SOS Mulher, que é o aplicativo onde a mulher pode acionar o botão de emergência.

"Agora temos a Coordenadoria de Enfrentamento à Violência doméstica contra a Mulher e Vulneráveis da Polícia Judiciária Civil, que irá levar o atendimento 24 horas para o interior do Estado por meio da Casa de Eurídice, para fazer o atendimento virtual da Delegacia da Mulher. São resultados que já estão sendo colhidos do projeto piloto do SER Família Mulher. A ideia de política pública é isso, construir, reavaliar, e continuamos construindo e melhorando cada vez mais, principalmente voltada para as mulheres em situação de vulnerabilidade”.

O promotor de Justiça de Mato Grosso Thiago Silva, em sua exposição, falou das áreas onde o Ministério Público Estadual está atuando. Pontuou que diferentemente do que muitos pensam, o órgão não existe apenas para pedir condenações.

“Atuamos de forma articulada na rede tanto municipal quanto estadual de enfrentamento à violência doméstica, temos uma ouvidoria da mulher e participamos de comitês e grupos reflexivos voltados para homens, entre outras iniciativas”, destacou.

O Ministério Público, no Dia Internacional da Mulher, lançou o “Observatório Caliandra”, canal virtual que será utilizado para prevenção, orientação e sensibilização da população sobre a violência contra as mulheres.

Nesta primeira etapa, o Observatório Caliandra traz indicadores atualizados dos feminicídio ocorridos em Mato Grosso, informações estatísticas, dados de andamentos processuais, materiais orientativos e um memorial acerca da história das mulheres vítimas de feminicídio.

 “Além das ações repressivas e de apoio, é crucial investirmos em educação e reeducação, visando à desconstrução da cultura machista. Assim, juntos, homens e mulheres, poderemos combater efetivamente a violência doméstica e construir uma sociedade mais justa e igualitária para todos”, considerou o promotor.

A segunda mulher a ocupar uma cadeira na atual legislatura na Assembleia Legislativa, a deputada Sandy de Paula, destacou a necessidade de promover esse tipo de discussão também no interior do estado. Representando o município de Juara, a parlamentar citou algumas propostas apresentadas.

“Nós propomos projetos de lei, como o que proíbe a contratação de homens condenados por violência contra a mulher. Contudo, a morosidade do Judiciário em finalizar esses processos é um desafio, o que dificulta a aplicação efetiva dessa medida. A questão da prescrição dos crimes contra mulheres, incluindo o feminicídio, é outro grande problema que enfrentamos. Precisamos de dados precisos para combater a violência contra a mulher, por isso a criação de um observatório municipal é vital”, contribuiu.

Jornalistas: Mauro Camargo/ Michely Figueiredo


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2 - Eliminar Distância entre Legislação e Realidade

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4 - Defensora Propõe Criação da Secretaria Estadual da Mulher em Seminário que Tratou de "Violência De Gênero" no Estado

 

Veja algumas fotos do seminário:

https://www.flickr.com/photos/abfp/albums/72177720315348332

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